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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Nossa gente - D. Eduarda Holanda





D. Eduarda Holanda, vizinha da nossa escola e ex diretora, líder comunitária, antiga professora alfabetizadora do Movimento de Cultura Popular (MCP), tem sido muito importante nesse processo de reconhecimento do nosso bairro e sua história.

Sobre o MCP, D. Eduarda nos contou durante uma entrevista que foi um movimento realmente revolucionário, que tinha por objetivo levar conhecimento e cultura ao povo. Antigamente só as classes mais abastadas tinham acesso ao lazer em teatros, cinemas, locais praticamente inacessíveis aos trabalhadores. E os índices de analfabetismo eram assustadores. A proposta do MCP era de criar praças de cultura para levar cultura e lazer aos trabalhadores e suas famílias, além de oferecer aulas de alfabetização aos adultos.
Devido à proximidade das eleições para o Governo de Pernambuco, em 1962, o Movimento enfrentou muita pressão política. Os jornais publicaram diversas matérias e artigos fazendo críticas a sua atuação.
Apesar de enfrentar pressões e críticas de oposicionistas do governo Miguel Arraes, o MCP teve um grande desenvolvimento. No final de 1962, já contava com quase 20.000 alunos divididos em mais de seiscentas turmas, distribuídos entre duzentas escolas isoladas e grupos escolares; uma rede de escolas radiofônicas; um centro de artes plásticas e artesanato, com cursos de cerâmica, tapeçaria, tecelagem, cestaria, gravura e escultura; mais de 450 professores e 174 monitores de ensino fundamental, supletivo e educação artística; uma escola para motoristas-mecânicos; cinco praças de cultura, com bibliotecas, cinema, teatro, música, tele-clube, orientação pedagógica, recreação e educação física; o Centro de Cultura Dona Olegarina, no Poço da Panela, que, em parceria com a Paróquia de Casa Forte, oferecia cursos de corte e costura, alfabetização e educação de base; círculos de cultura; uma galeria de arte (a Galeria de Arte do Recife); um conjunto teatral, que já havia encenado, entre outras, diversas peças, como A derradeira ceia, de Luiz Marinho e A volta do Camaleão Alface, de Maria Clara Machado.

Participaram do MCP intelectuais e artistas conhecidos como Francisco Brennand, Ariano Suassuna, Hermilo Borba Filho, Abelardo da Hora, José Cláudio, Aloísio Falcão e Luiz Mendonça. O movimento também contou com o apoio de instituições políticas de esquerda como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB), entre outras

Por causa do clima político existente na época, o MCP alcançou repercussão nacional, servindo de modelo para movimentos semelhantes criados em outros estados do Brasil.

O Movimento de Cultura Popular do Recife foi extinto com o golpe militar, em março de 1964. Dois tanques de guerra foram estacionados no gramado da sua sede, no Sítio da Trindade. Toda a documentação do Movimento foi queimada, obras de artes destruídas e os profissionais envolvidos foram perseguidos e afastados dos seus cargos.

D. Eduarda nos conta que os tempos de perseguição foram difíceis, mas, mesmo contra a vontade do pai, participou do movimento por acreditar em uma sociedade mais justa e democrática.

* Fonte de informação: http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=309&textCode=11411&date=currentDate

**Foto de uma sala de alfabetização de adultos do MCP

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