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domingo, 6 de dezembro de 2009

DESAFIO





Exercer o papel de Professora Comunitária do Programa Escola Aberta aos finais de semana foi, sem dúvida, um grande desafio e um mergulho no desconhecido. Desafio por se tratar de mais uma atividade somada aos mil malabarismos que nós, educadores, fazemos para enfrentar cargas horárias de trabalho tão intensas no sentido de garantir a subsistência. E também um grande mergulho no até então desconhecido mundo da convivência em comunidade a partir da percepção da escola como local de pertencimento desta comunidade e também como mais um palco de interação social onde todos se tornam de certa forma educadores.

Desenvolver esse trabalho na Escola Municipal Célia Arraes, no bairro da Várzea, foi bastante estimulante. Atuo nela como professora desde 1997, assim que me tornei educadora da Rede Municipal de Ensino do Recife. Além disso, foi neste bairro que eu nasci e passei boa parte da minha vida. Onde estudei, fiz muitos amigos, firmei convicções políticas, senti a necessidade de unir forças com outras pessoas para fazer do “meu” bairro um lugar melhor para se viver. E ocupar esse cargo me dava a oportunidade de por em prática muitos desses planos engavetados.

O que fazer? Como? Por onde começar? Desde os primeiros dias de trabalho percebi logo a importância de saber o que aquela escola representa para a comunidade. Seria apenas um prédio onde os saberes trabalhados não ultrapassavam os limites de seus muros? Uma ilha, isolada bem no meio de um lugar onde as pessoas interagem, ensinam, aprendem, educam e são educados através da convivência em diversos espaços? MOLL (2000) afirma que “é preciso perguntar-se se a escola está inscrita simbolicamente como espaço de acolhida e de pertencimento na vida da comunidade, constituindo-se como um agente legítimo para desencadear esse diálogo. É preciso perguntar-se também em que medida a escola ainda desempenha – e deve desempenhar – a função de socializar os saberes, as experiências, as cosmovisões, os modos de vida produzidos pela humanidade ao longo de sua história, função que a diferencia de outras instituições sociais.”